terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lacunas dadas ao Divino

Sempre tive uma certa aversão a dogmas religiosos, pois eles existem para ser mistério durante a eternidade. Pensamento errado, pois mistérios existem para serem desvendados e não cultuados. Antes de mais nada denoto minha visão religiosa, sou Ateu Agnóstico, não por estar cansado das surras da vida e desacreditar na existência de Deus, mas por saber que Deus não vive no céu, e sim nas lacunas do conhecimento, vendo a cada dia que passa essas lacunas ficando menores.

A religião usa o "controle da moral" para poder sobreviver e governar. Não estou aqui para mudar a opinião de ninguém, cada um tem seu lado espiritual e eu respeito arduamente, mas me entristece o fanatismo a algo em vão. Se Deus realmente existisse e fosse bondoso e de amor como a bíblia prega, não necessitaria do culto a Ele, a onipotência e onisciência supera qualquer ego que necessite de seguidores. E no final o que sobra mesmo, são homens se perfazendo dessa tal força maior que eles dizem ter contato.

A bíblia ou qualquer livro sagrado é formulado de entendimentos, e por que o do padre/pastor é o correto se ele é humano como você? Por que Deus vai te salvar por apenas ir a igreja, mas não o outro por sempre praticar o bem mas nunca ter pisado em uma? Acredito que se ele realmente exista e julga, a grande maioria de religiosos iriam para o lugar que esse Deus bondoso criou para jogar homens durante toda a eternidade em um mar de sofrimento.

Bom, depois dessa segunda-feira com Geometria Analítica e Calculo I na faculdade, escrevi um poema e resolvi apresentar minha visão religiosa, decadent talvez, mas é o mais perto da verdade que consegui chegar.
P.S.: Achei engraçado, talvez perceberam que os poemas que escrevo  não coloco titulo, mas para organização no computador eu coloco números sequenciais. Esse é o 24 !! ahsuahuashusahasu...


Mais um dia passa,
Como se não houvesse amanhã
Como se tudo que eu faça
Terminasse com o sol da manhã.

Dia vai dia vem
Eu só procuro você
E apenas escuto sua voz doce
Sussurrando palavras de outrem.

Queria seu lábio junto a minha boca
Seu corpo e meu como um
O fim da solidão reciproca.

Levar-te a lugar nenhum
Onde o acaso é meu amigo
E lá passar a eternidade contigo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tirando o peso das costa...

Pode não parecer, mas últimamente eu ando tendo um certo medo das coisas, medo que antes eu não tinha e talvez precisasse. Mas mesmo precisando eu não gosto, pois o medo faz escolhermos o NÃO, e o não nos corrói a vida, extingue o brilho e deixa no ar o "poderia ter sido".

Hoje o MEDO/NÃO está me fazendo caminhar rumo a solidão, mas solidão essa que também é fim de quem ama. O medo está me antecipando o que poderia ocorrer de pior, ele me antecipa a dor! Mas por que o sigo? Talvez ainda não houve reciprocidade suficiente para o que está preso se sentir seguro e sair? Talvez o que precisamos seja um porto seguro nesse maremoto que vivemos.

Sinto como se precisasse explodir e gritar aos quatro cantos o que você quer ouvir, e peco. Peco pois não preciso de tudo isso, não tenho que exagerar nas palavras, só preciso que meus versos soem baixinho em seu ouvido, e enquanto eu estiver murmurando palavras que só deuses gregos poderiam pronunciar, sentirei o arrepio de sua nuca e ao fim um beijo, mas um beijo como se sua vida dependesse daquilo, e o infinito transbordaria por nós.

Bom, talvez meu defeito seja que eu espero tanto das pessoas e na maioria das vezes elas nos decepcionam. Me decepciono por esperar a perfeição e ela não acontecer, mas mesmo sabendo que estou errado, por que humanos são tudo, menos perfeitos, deveria acreditar mais na probabilidade do felizes para sempre.

Gostaria de escrever um poema ou algo do tipo hoje, mas estou sem tempo. Tenho uma festa para ir... Prometo que o próximo post será em breve e terá algo mais criativo e não esporros de alguém confuso.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sonetos para Solitários

Não sei se estou ficando decadent ou se estou tão feliz. Este blog foi um esporro para a cura de minha dor, e não mais a angústia me cerca, fadado ao fim de uma inspiração reprimida. Por mais, voltei a ler... Coisa que já não fazia a um bom tempo, e em meio de alexandria me surge (novamente) Vinicius de Moraes.


Entre suas grandes obras duas me chamam a atenção: Soneto de Fidelidade e Soneto do Maior Amor. Onde ambos se completam, início e fim, a denotação da maior dádiva humana... O Amor!! Mas para eu, um louco transcendido que quer ver nas entrelinhas e, sabido de que Vinicius foi casado nove vezes me perguntei: "Como é o espaço entre o fim e o começo, a dor do nunca mais misturando-se com a alegria do eterno?"


Bom, digamos que tenho um amigo louco, que em somente um olhar ele lê meu pensamento, não porque pode desvendar mentes, mas porque pensamos igual!! E no crepúsculo desta terça, regados a um bom whisky, criamos este intervalo em um soneto. "No começo estamos nas trevas tentando ver a luz, depois estamos na luz tentando esquecer as trevas". Sem mais delongas...





Soneto da Transição

Ainda caminho de pés nus
Mas não sinto mais a areia,
Por lembranças dos beijos de sereia
O verde da esperança me ofusca a luz

Trevas tardias, transfigurada,
Murmúrios da alma, jazigo eloquente
Que induz preencher o coração quente
Mas apenas refrigera minha alma.

Oh, espada! Quebraste esse velho escudo
Empunhado por um remoto descrente
Do fogo que há no mundo.

Não segue mais a luz poente
Mas goza da aurora infinita,
Efêmera benção da vida.

Brodowski/2011
Mussun,  Leandro e White Horse (Vininha)