terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sonetos para Solitários

Não sei se estou ficando decadent ou se estou tão feliz. Este blog foi um esporro para a cura de minha dor, e não mais a angústia me cerca, fadado ao fim de uma inspiração reprimida. Por mais, voltei a ler... Coisa que já não fazia a um bom tempo, e em meio de alexandria me surge (novamente) Vinicius de Moraes.


Entre suas grandes obras duas me chamam a atenção: Soneto de Fidelidade e Soneto do Maior Amor. Onde ambos se completam, início e fim, a denotação da maior dádiva humana... O Amor!! Mas para eu, um louco transcendido que quer ver nas entrelinhas e, sabido de que Vinicius foi casado nove vezes me perguntei: "Como é o espaço entre o fim e o começo, a dor do nunca mais misturando-se com a alegria do eterno?"


Bom, digamos que tenho um amigo louco, que em somente um olhar ele lê meu pensamento, não porque pode desvendar mentes, mas porque pensamos igual!! E no crepúsculo desta terça, regados a um bom whisky, criamos este intervalo em um soneto. "No começo estamos nas trevas tentando ver a luz, depois estamos na luz tentando esquecer as trevas". Sem mais delongas...





Soneto da Transição

Ainda caminho de pés nus
Mas não sinto mais a areia,
Por lembranças dos beijos de sereia
O verde da esperança me ofusca a luz

Trevas tardias, transfigurada,
Murmúrios da alma, jazigo eloquente
Que induz preencher o coração quente
Mas apenas refrigera minha alma.

Oh, espada! Quebraste esse velho escudo
Empunhado por um remoto descrente
Do fogo que há no mundo.

Não segue mais a luz poente
Mas goza da aurora infinita,
Efêmera benção da vida.

Brodowski/2011
Mussun,  Leandro e White Horse (Vininha)

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