quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

FELIZ 2011

Corro por corredores que nunca andei, tento abrir portas trancadas por dentro, e por mais que grite ninguém escutará. Te vejo nas paredes ao olhar pela fechadura, e em cada quarto uma lembrança nossa.
Meu coração diz para acabar, mas ele mal sabe que começou. Nosso primeiro beijo estava no quarto 712, subindo um andar vi minhas primeiras lágrimas que caíram por sua culpa no 802, e mesmo assim eu continuei a correr, sendo o 8º andar uma ilusão completa que acabou. O 9º chegou... E com ele o quarto 903, tive vontade de parar, socar a porta, arromba-la e mudar aquela cena. Meu maior arrependimento estava ali e meu amor o acompanhava, ambos eternos. Percebendo minha fraqueza apenas amaldiçoei aquele quarto, e continuei. O próximo, 904, me mostrava o quanto fui entregue e pensava nela, mas a dor gerada no quarto anterior me tirava o brilho daquele momento. E ainda assim continuei correndo, meus olhos eram feitos de lágrimas e as lágrimas tinham o sabor de seu beijo, escorriam como se nada pudesse segura-las, como se a existência delas dependesse de sua agilidade.
Aos poucos sentia como se a luz estivesse ficando escassa, e a cada quarto que passava sentia que a podridão de seus atos aumentava. Primeiro no 1002 onde o nome do autor da poesia que você lia estava errado, piorando como no 1008 onde o virtual estava começando a se confundir com a realidade. E meu maior medo veio, o breu, juntamente com ele o quarto 1010, não enxergava quase nada, mas uma escassa luz passava pela fechadura. Olhei e somente vi sangue, os gritos eram ensurdecedores e o choro grave parecia que era gerado em meu coração.
Passei pelo 1011 e dele somente escutava sons que nenhum filme de terror colocaria em sua trilha sonora, pois eles precisam marcar, mas não chocar. Meus instintos me dominaram e tateando as paredes do corredor encontrei uma maçaneta para o 1012. Não hesitei e abri-o, e para minha surpresa não havia quarto, mas sim uma janela, luz e a visão da sacada do 10º andar. A dor me empurrou por ela, cai pensando que seria o último dia de minha vida, pensando que morrer seria minha cura, pensando que o fim era agora. Mas algo dentro de mim era mais forte que a gravidade, algo queria lutar contra ela e eu me entreguei a este sentimento bom. Em minhas costas surgiu o símbolo da vida, dele saíram asas tão lindas que até os anjos teriam inveja, e eu voei... Lá embaixo vi acenos de pessoas realmente importantes pra mim, e ao céu vi o horizonte, e lembrei que o futuro é como ele, você não consegue ver, mas a luz está lá e existe algo depois dele, “nunca” é o fim !!

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